Allan Kardec

Allan Kardec

quarta-feira, 25 de março de 2015

Benfeitores Invisíveis


Diz-se que, ao lado de grandes homens, existe uma mulher, esposa, irmã ou mãe, que lhe serviu de sustentáculo e apoio.
Pois, por detrás de grandes conquistas ou eventos, em geral, existe um benfeitor, quase sempre ignorado das criaturas.
Publicações preciosas, estudos científicos, descobertas, têm mecenas que abriram seus cofres e ofereceram valores para a sua concretização.
Gabriel Delanne, considerado apóstolo do Espiritismo, pelo seu trabalho de divulgação, certa vez recebeu uma carta de uma senhora, que lhe pedia fosse a Versalhes, onde ela morava.
Desejava, confessava ela, lhe dar conhecimento de algo importante referente ao Espiritismo.
A carta estava escrita em papel inferior, redigida em termos obscuros, em estilo descuidado e cheia de erros de francês, além de falhas de ortografia.
Delanne se sentiu tentado a desconsiderá-la. Todavia, após refletir, decidiu ir ao encontro que lhe era assinalado.
A residência indicada, uma casa antiga, ficava num quarteirão distante, na extremidade de um subúrbio, nos fundos de velho pátio.
Depois de tocar a campainha três vezes, ouviu um passo pesado e a porta se entreabriu. Delanne entrou, sentou-se e ficou observando o ambiente, que lhe pareceu estranho.
Com um acento inglês, a mulher começou a expor a ideia de fundar um pequeno jornal para divulgar o Espiritismo.
Mas, senhora, respondeu ele, é preciso dinheiro. Isso custa muito caro.
A mulher se dirigiu, com seu passo pesado, para uma mala que Gabriel havia visto ao entrar.
Ela a abriu, apanhou um maço de velhos papéis e retirou uma enorme pasta de couro.
De uma das bolsas apanhou cinco notas de mil francos, que colocou, tranquilamente, diante de Delanne.
Naquela época, ano de 1883, cinco mil francos representavam uma soma com a qual se podia tentar uma operação comercial.
Aqui está, disse ela. Para as primeiras despesas. Depois, eu fornecerei o mais que seja necessário. O senhor aceita redigir o jornal?
E, foi assim, graças à generosa inglesa, que não era outra senão a senhora D’Espérance, médium de feitos extraordinários, ainda não conhecida na França, que a revista Le Spiritisme veio a lume, em março de 1883.
Foi grande veículo de divulgação da nova doutrina. E Gabriel Delanne conservou a maior admiração por aquela que assim dispôs dos seus bens.
Imensamente grato, gostava de narrar a seus íntimos a história do inusitado encontro e do exitoso final.
*   *   *
Para o seu messianato, também Jesus contou com pessoas bem aquinhoadas que financiavam Seu apostolado, Suas viagens e dos companheiros que Ele elegera para o colégio apostólico.
Lucas, em Seu evangelho, cita Susana, Madalena, Joana, a mulher do intendente de Cusa.
O trabalho do bem se realiza com o esforço de todos. E, cada qual colabora com o que tenha: uns dispõem dos valores, outros do seu trabalho e esforço pessoal.
Assim se constrói o mundo novo. Ontem, hoje e amanhã.
Fontes:
 Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1,do livro Gabriel Delanne, vida e obra, de Paul Bodier e Henri Regnault,  ed. CELD. Em 17.3.2015.
Roimeu L. Wagner, Belém, Pará.


terça-feira, 24 de março de 2015

Dar e Dar-se


Quando se fala em caridade, logo consultamos mentalmente os bolsos ou a conta bancária, para verificar se podemos dispor de algum valor em benefício dos financeiramente mais necessitados.
Todavia, entre dar moedas para quem delas precise e dar-se em prol do semelhante, vai grande distância.
Não negamos que a caridade material é muito importante para quem não possui o mínimo necessário. Entretanto, é importante que pratiquemos também caridade moral, que é a mais difícil, porém a mais meritória.
Por caridade moral entende-se o perdão, a paciência, a tolerância, o tempo para ouvir um desabafo etc.
Conforme ensinou Jesus, referindo-se ao óbolo da viúva, quando damos o que nos faz falta, ou o que nos é difícil praticar, será mais meritório, aos olhos de Deus, do que dar o que nos sobra ou perdoar a quem amamos.
Assim, as mais belas doações que a Humanidade conhece foram realizadas de forma diversa da simples esmola.
Gandhi, sem qualquer posse, deu-se à luta pela não violência, tornando-se um símbolo de paz e doando a vida em holocausto pelo ideal libertador que o abrasava.
Irmã Dulce, a veneranda religiosa aparentemente frágil, doou-se aos irmãos carentes até os últimos instantes de sua existência sobre a face da Terra. E embora não possuísse bens materiais, foi um exemplo vivo de caridade e amor ao próximo.
Francisco de Assis, após despir a túnica que pertencia ao genitor e renunciar ao nome da família, fez as mais preciosas oferendas, dando-se a si mesmo a ponto de tornar-se santo da Humanidade.
Jesus, que não possuía uma pedra para reclinar a cabeça, embora as aves do céu tivessem ninhos e as serpentes covis, é o excelente exemplo da maior doação de que se tem notícia na história da Humanidade.
Quantos homens e mulheres, seguindo-Lhe as pegadas, deram e doaram-se ao amor pelo próximo, vitalizando a esperança no mundo, através dos tempos.
Se meditarmos em profundidade, descobriremos as fortunas de amor escondidas no nosso mundo íntimo.
Basta que a boa vontade e a abnegação se façam garimpeiros e descubram as gemas da caridade maior de que podemos dispor fartamente, endereçando-as a todas as criaturas do roteiro por onde transitamos.
Esta forma superior de dar-se, nos fará bem, nos fará sentir ditosos, porquanto perceberemos que estamos doando-nos, e a autodoação é a única forma de encontrar a felicidade.
*  *  *
O gesto em flor de ternura, a gota do sentimento nobre, a palavra em música de compreensão, o pão em bênção alimentícia, o poema do perdão são orvalho da caridade.
E a caridade é como sublime fragrância que perfuma primeiramente o frasco que a transporta em sua intimidade.

Fontes:
Redação do Momento Espírita com base no cap.34, do livro
Rumos libertadores, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.Leal.
Em 05.08.2009.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Temor da Morte


  Determinada reportagem televisiva nos deu ciência de que, em enquete realizada junto a adolescentes de populosa capital do nosso país, 51% deles revelaram que seu maior temor é a morte.

        Ao ouvirmos o resultado da pesquisa, de imediato nos pusemos a pensar acerca do quanto necessitam de orientação religiosa os nossos jovens.

        Porque o que dá causa ao medo da morte é o receio da destruição total, decorrente da noção equivocada acerca da vida futura.

        À proporção que o homem compreende melhor o que o espera para além da tumba, o temor da morte diminui. Arrefece, até desaparecer.

        Ciente de que a vida terrena é transitória e de que o aguarda outra vida, vibrante, verdadeira, após o decesso físico, com tranquilidade enfrentará a morte.

        A certeza da vida futura lhe dá outro curso às idéias. Outro objetivo ao trabalho.

        Tudo o que oferece o mundo material é considerado como oportunidade de progresso, de experiência. As coisas materiais são bens de que deve se utilizar, com sabedoria, consciente de que não os levará consigo.

        A certeza de que, após a morte, poderá reencontrar seus amigos, reatar relações que teve na Terra e de que o fruto do seu trabalho não se perde, confere ao ser humano calma para o momento da morte.

        Afinal, ela não é uma megera que vem destruir a felicidade, ceifando a vida mais preciosa, o ser mais amado, numa sistemática de puro prazer.

        É, sim, dentro da Lei de Destruição, Lei instituída pela Divindade que opera com sabedoria a sua ação.

        Reeducarmo-nos e educarmos os nossos filhos se faz urgente. Desde cedo, ensinar aos pequenos que a morte não existe, senão no tocante ao físico.

        Que ninguém morre, senão na roupagem carnal. O Espírito imortal prossegue a viver, como antes de renascer, vivia na espiritualidade e já enfrentou outras tantas vidas na carne.

        Também preciso se faz que passemos a enfrentar a circunstância da morte de forma diversa.

        Até os dias da atualidade, a passagem da Terra para a Espiritualidade é rodeada de cerimônias lúgubres, que verdadeiramente infundem terror.

        Os emblemas da morte lembram somente a destruição do corpo, mostrando-o descarnado.

        A partida dos seres para o outro mundo se faz acompanhar de lamentos dos sobreviventes, como se morrer fosse uma desgraça.

        As despedidas são de adeuses eternos.

        É necessário mudar toda essa panorâmica.

        Em vez de recordar a destruição do corpo, mostrar a alma se desembaraçando, radiosa, dos grilhões terrestres.

        No lugar das lamentações e dos adeuses, a saudação de quem sabe que logo mais também realizará a grande viagem.

        E, por isso, simplesmente diz: Até breve. Até logo!

        Sem dúvida, muito tempo será preciso para o homem se desfazer desses preconceitos acerca da morte.

        No entanto, há que se começar a educação, pois que à medida que se conceber uma idéia mais sensata da vida espiritual, desaparecerão os temores.

* * *
        Os homens verdadeiramente sábios não temem a morte.

        Fartos exemplos encontramos em Gandhi, que se deixou imolar em nome da não violência.

        De Francisco de Assis que afirmou continuar a trabalhar em seu jardim, mesmo se soubesse que algumas horas após morreria. 
   
        O maior exemplo foi o Cristo que nos ensinou a morrer com dignidade. Na hora final, suas palavras foram: Pai, em Tuas mãos, entrego o Meu Espírito.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, pt. 2, do livro
O céu e o inferno, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 21.07.2008.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

domingo, 22 de março de 2015

Utilize Seus Recursos


A maioria dos homens não vive em paz.
Estar em paz não significa apenas não fazer parte de uma guerra.
Muitas vezes não há atritos visíveis com os semelhantes, mas a criatura permanece sem sossego.
A paz interior consiste em uma harmonia preciosa e constante.
Quem desfruta desse tesouro convive bem consigo mesmo.
Por mais que enfrente dificuldades na vida, seu íntimo permanece tranqüilo.
O homem pacificado não necessita inventar distrações.
A percepção de seu mundo interior não o angustia.
A agitação da sociedade moderna evidencia quão poucos realmente desfrutam de paz.
As inovações tecnológicas gradualmente liberam o homem de tarefas repetitivas e tediosas.
Cada vez ele dispõe de mais tempo livre, mas não utiliza suas folgas para conhecer e cultivar o próprio caráter.
Na ânsia de conquistar coisas, multiplica desnecessariamente as horas de trabalho.
E nos raros momentos em que se permite ficar livre, procura distrações ruidosas e absorventes.
É como se o encontro com a própria alma fosse algo a ser evitado.
Sejam ricos ou pobres, bonitos ou feios, cultos ou iletrados, os homens procuram fugir de si próprios.
Mesmo quem reúne condições consideradas ideais para a felicidade raramente desfruta dessa situação.
As criaturas enfrentam torturas íntimas, ansiedades e complexos aparentemente injustificados.
Por mais que a vida siga tranqüila, a ausência de paz permanece.
A questão é que a verdadeira paz pressupõe a consciência tranqüila.
E tranqüilidade de consciência só tem quem está em harmonia com as leis divinas.
Todos os homens já viveram inúmeras vidas, em sua jornada pelo infinito.
Foram criados ignorantes e simples e se destinam à mais elevada sabedoria.
Para crescer em entendimento e compreensão, encarnam inúmeras vezes, em diferentes situações.
Objetivando aprender a discernir o certo do errado, dispõem da liberdade de agir.
Contudo, respondem por tudo o que fazem.
A lei humana é falha e muitos equívocos são por ela ignorados.
Mas na consciência de cada ser encontram-se registrados todos os seus atos.
Maldades cometidas contra os irmãos podem ter sido bem escondidas no passado.
Mas quem se permitiu viver o mal mantém em seu íntimo a marca da desarmonia.
Ocorre que toda vivência, mesmo marcada pelo erro, deixa a herança da experiência.
De cada refrega o homem sai amadurecido.
A cada vida ele cresce em entendimento e possibilidades.
O importante é aprender a utilizar no bem os recursos adquiridos.
Em sua primeira epístola, o apóstolo Pedro afirma: “o amor cobre a multidão de pecados”.
Os erros fazem parte do processo de aprender.
Mas apagá-los mediante o amor bem vivido propicia paz e harmonia.
Assim, utilize seus recursos no bem. Contabilize todos os tesouros que você amealhou no decorrer dos séculos:
Inteligência, sensibilidade, aptidão para falar ou escrever, habilidades as mais diversas. Empregue tudo isso na construção de um mundo melhor.
Ao utilizar amorosamente seus talentos, você estará cumprindo a tarefa que lhe cabe no concerto da criação. E uma sublime paz habitará seu coração.
Pense nisso.
 
Fontes:
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sábado, 21 de março de 2015

O Pai Mais Forte do Mundo


Dick Hoyt, oficial da Guarda Nacional da Força Aérea Americana, lutou muito para que seu filho Rick pudesse levar uma vida o mais perto do normal possível.
Rick sofreu paralisia cerebral no nascimento, em mil novecentos e sessenta e dois, ficando incapacitado de controlar os movimentos do corpo.
Os médicos aconselharam seus pais a deixarem-no em uma instituição especializada, justificando que ele iria vegetar pelo resto da vida.
Contrariando essa orientação, eles o criaram em casa e, nos cuidados diários, reparavam como os olhos do filho seguiam os movimentos dos dois pelos aposentos.
Quando Rick fez onze anos, eles o levaram ao departamento de engenharia da Tufts University e procuraram saber se havia um jeito de fazer com que o garoto se comunicasse.
Lá disseram, inicialmente, que o cérebro dele não tinha nenhuma atividade. Porém, alguma coisa acontecia em seu cérebro, pois ele reagia com sorrisos diante de estímulos positivos.
Posteriormente, ele passou a usar um computador adaptado, no qual controlava o cursor tocando com a cabeça um botão, no encosto de sua cadeira.
Com muito amor, os pais o ensinaram a ler, a despeito das dificuldades que ele enfrentava por ser quadriplégico e não poder falar.
Rick finalmente foi capaz de se comunicar e pôde, então, começar a frequentar a escola, formando-se em educação especial.
Porém, o momento que marcou a sua vida ocorreu em mil novecentos e setenta e sete, quando Rick manifestou ao pai seu desejo de que participassem de uma corrida beneficente.
Dick, apesar de, até então, não ter participado de nenhuma corrida, aceitou o desafio e, para atender o desejo do filho, correu oito quilômetros empurrando-o na cadeira de rodas.
O enorme esforço daquele pai foi recompensado quando, depois da corrida, o filho emocionado demonstrou que, pela primeira vez em sua vida, havia se sentido como se não fosse deficiente.
Essa declaração inspirou Dick para que, junto com Rick, desse início a uma longa carreira que dura mais de três décadas.
Ele ficou obcecado por oferecer essa sensação ao filho quantas vezes pudesse.
Pai e filho não eram um só corredor e também não se enquadravam na categoria dos corredores em cadeira de rodas, mas acabaram encontrando uma forma de participar oficialmente das maratonas.
Tempos depois, foi-lhes sugerido que participassem de um triatlon, esporte que envolve a conclusão em sequência de trechos percorridos através da natação, ciclismo e corrida.
Nessas provas, o pai corre empurrando o filho numa cadeira de rodas e usa uma bicicleta especial na qual Rick vai sentado na sua frente.
Na etapa de natação, amarra um bote inflável ao seu corpo para rebocar o filho, que pesa cinquenta quilos.
Ele afirma que faz tudo isso apenas pela sensação de alegria que proporciona ao filho enquanto correm, nadam e pedalam juntos.
Hoje, aos setenta e dois anos, Dick continua participando de corridas, sempre acompanhado por Rick, que já tem cinquenta anos.
Ambos seguem dando um grande exemplo de vida, mostrando que com amor, fé e determinação, o ser humano é capaz de coisas aparentemente impossíveis, indo muito além dos próprios limites.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, com base em
fatos da vida de Dick e Rick Hoyt.
Em 30.07.2012
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Falando de Ingratidão


É comum se ouvir falar de ingratidão. Amigos que depois de terem privado da maior intimidade, se voltam violentos, desejando destruir. Basta uma pequena contrariedade, uma questão política, um diverso ponto de vista religioso. Eis formada a querela. O distanciamento.
Esquece-se de todos os benefícios recebidos. Dos abraços, das promessas, das alegrias repartidas e vividas em conjunto.
Esse tipo de comportamento demonstra como o homem, embora se diga humano, muito necessita crescer para se considerar como verdadeiro participante da Humanidade.
Recordamos de uma antiga lenda judia que fala de um homem condenado à morte e que ia ser apedrejado.
Os carrascos lhe jogaram grandes pedras. O réu suportou o terrível castigo em silêncio. Nenhum grito. Na sua condição, compreendia que a desgraça havia caído sobre ele e que seus gritos de nada serviriam.
Passou por ali um homem que havia sido seu amigo. Pegou uma pequena pedra e atirou na direção do condenado. Somente para demonstrar que não era do seu partido.
O pobre condenado, atingido pela diminuta pedra, deu um grito estridente.
O rei, que a tudo assistia, ordenou que um de seus lacaios perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pequena pedra, depois de haver suportado sem se perturbar as grandes.
O condenado respondeu: As pedras grandes foram atiradas por homens que não me conhecem, por isso me calei. Mas o pequeno seixo foi jogado por um homem que foi meu companheiro e amigo. Por isso gritei.
Lembrei de sua amizade nos tempos de minha felicidade. E agora vi sua felicidade quando me encontro na desgraça.
O rei compadeceu-se e ordenou que o pusessem em liberdade, dizendo que mais culpado do que ele era aquele que abandonava o amigo na desgraça.
A lenda nos dá a nota de quanto dói a ingratidão de um amigo. Naturalmente, quanto mais estimamos e confiamos em alguém, mais nos atormentará a sua traição. A sua ingratidão.
É importante pois que examinemos nossas próprias ações, observando se não somos ingratos. Em especial com aqueles que estenderam a preciosidade da sua amizade, por longos e longos anos.
Não sejam as notas distantes de algumas rusgas que nos permitam agredir, de forma cruel, os que ontem nos sustentaram nas lutas.
Soubemos, há poucos dias, de uma aluna que, depois de ter recebido do seu mestre todo o apoio, em forma de ensino, livros, oportunidades de estágio, decidiu estabelecer uma questão judicial.
Esquecida dos tantos benefícios, das longas horas de dedicação do antigo mestre, depois de um desentendimento em que se sentiu lesada, resolveu requerer vultosa quantia como pagamento pelas horas de trabalho ao lado dele.
Olvidou o aprendizado, do quanto lhe devia por sua própria formação profissional. E mais: de quantas portas, graças à fama dele e experiência, se haviam aberto para ela.
Ingratidão. Sentimento que somente floresce nos corações enfermiços.
Moléstia do caráter que requer o remédio da compaixão.
*   *   *
Se alguém te retribui com a ingratidão o bem que doaste, não te entristeças.
É melhor receber a ingratidão do que exercê-la em relação ao próximo.
E se teu problema for de ingratidão dos filhos, guarda piedade para com eles e dá-lhes mais amor...
Porque a ingratidão dos filhos para com os pais é dos mais graves enganos que se pode permitir ao Espírito, em sua marcha evolutiva.
 
Fontes:
Redação do Momento Espírita com base na lenda judia Os amigos, do livro Lendas,
 fábulas e apólogos, ColeçãoAntologia da literatura mundial, v. 4, ed. Logos e no
verbete Ingratidão, do livro Repositório de sabedoria, v. II, pelo Espírito
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 28.08.2009.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Facetas do Amor


De todos os sentimentos, o amor tem sido, ao longo do tempo, aquele com o qual o homem mais tem se envolvido.
Paradoxalmente, se equivocado muito a respeito de seu real significado.
Há os que afirmam amar e atormentam as criaturas. Há os que pretendem lecionar amor e agridem os demais.
Há, enfim, os que afirmam ser o amor uma utopia.
Os gregos tinham diversas palavras para expressar o amor.
Eros, por exemplo, de onde se deriva a palavra erótico, expressa esse sentimento de atração sexual e desejo ardente.
Por sua vez, para designar a afeição, sobretudo entre os familiares, os seus membros, serviam-se do vocábulo storgé.
Para o amor condicional, aquele do tipo eu faço o bem a você e você faz o bem a mim, eles se serviam da palavra philos.
No entanto, para designar o amor incondicional, aquele amor que nada pede em troca, a palavra era ágape.
Esse amor não se refere exatamente a um sentimento, mas a um comportamento, a ações.
Nas anotações dos Evangelistas, ao se referirem à expressão de Jesus quanto ao amor, a palavra utilizada é ágape.
Justamente porque Jesus, nosso Modelo e Guia, profundo conhecedor da alma humana, tinha ciência plena de que não se podia ordenar a outrem que tivesse determinado sentimento.
Assim, se pensarmos que ágape é o amor traduzido por um comportamento e pela escolha, a fala de Jesus quanto a nós mesmos e ao próximo é perfeitamente coerente.
Amar a si mesmo é respeitar o próprio corpo, zelando por ele, não dilapidando o patrimônio da saúde.
É ter o cuidado de não lhe impor alimentos em excesso a fim de não o sobrecarregar, tanto quanto não ingerir o que mal lhe faça.
É zelar pela própria condição espiritual, alimentando a mente de elementos positivos para o seu crescimento.
Como consequência natural, zelar pela saúde do próximo, o que desce a detalhes pequenos como manter a limpeza da cidade, preservar o meio ambiente, não desperdiçar água.
Também manter o automóvel em condições adequadas, a fim de que não se torne veículo poluente do ar que todos necessitamos respirar.
Dirigi-lo com cuidado, para não ser causador voluntário de acidentes que destroem corpos e trucidam vidas.
Isso é amar o próximo.
E quanto ao amor aos inimigos?
Dos mais simples casos aos mais complexos, vejamos: podemos não gostar do vizinho porque ele estaciona o seu carro em frente à nossa garagem, nos impedindo a saída.
Podemos não gostar dele porque deixa o lixo acumulando na calçada e as chuvas o trazem para o nosso terreno.
No entanto, podemos nos comportar amorosamente para com ele, o que significa ter paciência, ser respeitoso, embora ele se comporte mal.
Isso nos impedirá de retribuirmos em moeda maldosa essas faltas de cuidado e desleixo.
O ágape é paciente, bom, não é arrogante, não deseja tudo para si. Tudo suporta, tudo aguenta.
Esse amor não se vangloria, não se comporta de forma inconveniente, a ninguém condena por um erro cometido.
Traduz-se, enfim, por paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, honestidade, confiança.
Assim, entendemos que Jesus ao nos prescrever essa lição, lecionava que para as pessoas ruins, as nossas ações devem ser no sentido de não lhes retribuir o mal que nos façam.
Mais: de não se sentir feliz, quando a desgraça os atinge, pensando que esse momento seja o de tripudiar sobre a infelicidade alheia.
Desse modo, mesmo para quem nos puxa o tapete, quem nos rouba a namorada, o cargo, a nossa ação deve se dar no sentido de não agir da mesma forma.
Viver é um grande desafio. Conviver com os demais, auxiliar-se mutuamente, colaborar e crescer juntos requer exatamente esse amor prescrito por Jesus.
Esse amor-ação, amor-comportamento.
A não agirmos assim, estaremos fadados à infelicidade, à dificuldade de progresso, a muitos fracassos e à destruição de nós mesmos.
Aprendamos pois a amar a nós mesmos, ao nosso próximo, a quem não nos quer bem, a quem nos faz mal.
 
Fontes:
Texto da Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4 do livro O monge e o executivo – uma história sobre a essência da liderança, de James C.Hunter, ed. Sextante
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Lágrimas: palavras da Alma


Muitas vezes, na vida, vivenciamos situações em que a emoção é tamanha que nos faltam palavras para expressar nossos sentimentos.
Podemos considerar as lágrimas como as palavras de nossa alma.
Através delas, somos capazes de demonstrar incontáveis sentimentos.
As lágrimas, na maioria das situações, escorrem de nossos olhos sem que tenhamos controle sobre elas.
Em alguns momentos, elas contam histórias de dores, mas também têm na sua essência, algo de belo.
Quando elevamos o pensamento, sintonizando com a Espiritualidade maior, seja com nosso anjo protetor, com o amado amigo Jesus ou com Deus, sentimos os olhos marejados.
Observando a natureza, temos a oportunidade de presenciar alguns espetáculos que ela nos oferece. Emocionamo-nos percebendo a grandeza e a perfeição Divina na presença de um pôr-do-sol, de uma queda d'água ou de um arco-íris.
Diante do nascimento de uma criança, somente as lágrimas são capazes de traduzir e qualificar a magnitude desse instante Divino.
Quando estamos sensíveis, por vezes carentes de alguma manifestação de afeto, um simples aperto de mão ou um afago carregado de amor é suficiente para provocar nossas lágrimas.
Quando deixamos que o som de uma música elevada alcance nosso coração, somos capazes de chorar de emoção, pois sentimos a alma tocada e acariciada por aquela doce e vibrante melodia.
Tanto a dor emocional quanto a dor física nos chegam sem pedir licença, ocupando espaço considerável em nossa alma e em nosso corpo.
Lágrimas são derramadas pela dor da partida de um ente querido, pela dor da ausência e da saudade, pela dor do erro cometido e do arrependimento.
Ao constatarmos a dor do próximo, lágrimas jorram de nossos olhos. Deparamo-nos com tantas carências, tantas necessidades não atendidas, enfermidades, privações e abandono.
*  *  *
Cada lágrima derramada tem seu significado. Seja ela vertida pela dor ou pela alegria, nos diz que somos seres movidos pela emoção, capazes de exteriorizar os nossos sentimentos.
Demonstra que nos sensibilizamos em momentos simples e efêmeros, indicando que estamos sintonizados com o que há de belo na vida.
E, quando as lágrimas derramadas forem de dor, façamos com que o motivo que nos comove seja também o mesmo motivo que nos move.
Que o movimento seja no sentido da modificação íntima. Que seja impulso para olhar a vida sobre um novo ângulo, para trabalhar em nós mesmos a resignação, a paciência, a esperança, a fé e a confiança em Deus.

Fontes:
Redação do Momento Espírita.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 22, ed. Fep.
Em 30.6.2012.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

terça-feira, 17 de março de 2015

Ilusões e Fantasias


Se você fosse abordado por um vendedor de ilusões e fantasias, lhe daria ouvidos? Compraria seus produtos?
Antes que você responda, pensemos um pouco sobre o assunto.
Quando buscamos prazer no prazer alheio, estamos vivendo de ilusões e fantasias.
Quando lemos revistas que exibem pessoas bonitas, elegantes, famosas, se deleitando em paraísos de mentira, estamos buscando sorver o prazer dessas pessoas como se estivéssemos em seu lugar.
Há revistas especializadas em criar um mundo maravilhoso, do qual só podem fazer parte as pessoas ricas, bonitas e elegantes, ou, se não são bonitas, pelo menos devem ter estilo.
E, nessas páginas que vêm maravilhosamente ilustradas, compramos fantasias e sorvemos ilusões e mentiras.
Quando essas páginas retratam uma mulher jovem, bonita, no seu quinto casamento, estampando no rosto um sorriso amarelo, simulando felicidade, não podemos imaginar que essa seja a realidade.
Não há pessoa que possa, por mais fria que seja, envolver-se com vários cônjuges e filhos, e sair sem ferir ou ferir-se.
Quando um homem, de mais de 60 anos, que acaba de deixar esposa e filhos se exibe, fingindo felicidade suprema, com uma esposa de 25, não pode estar vivendo mais que uma fantasia.
Ou será que é possível construir a felicidade sobre os escombros dos outros, em cujos corações cravamos o punhal da infidelidade e da indiferença?
Observemos, com atenção, os olhares dessas pessoas que vendem ilusões e fantasias e perceberemos sombras de tristeza imanifesta. São as gotas de amargura brotando nas profundezas da alma vazia e sem esperança.
Assim, antes de mergulharmos no mar das ilusões aportando em ilhas de fantasias, reflitamos se esse é o caminho que nos conduzirá à felicidade efetiva.
Busquemos, antes, exemplos de dignidade e honradez. Tomemos, de preferência, o barco singelo do trabalho digno e vistamos o colete da honestidade para que estejamos seguros se, porventura, o mar ficar revolto.
Não embarquemos na canoa furada das ilusões e fantasias, que não resiste aos embates das primeiras ondas da razão e do bom senso.
Contou-nos um amigo, que esteve nos Estados Unidos, que uma senhora rica e excêntrica possuía um carro que era a sua paixão.
Manifestou, em vida, o desejo de ser enterrada dentro dele. E assim foi feito.
Quando morreu, os filhos prepararam o corpo e o colocaram no interior do veículo, enterrando-o conforme o desejo.
Passado algum tempo, esse nosso amigo, que é médium, intrigado com aquele fato, foi abordado pelo Benfeitor espiritual que lhe disse com pesar:
É, a nossa irmã conseguiu que enterrassem o seu corpo num automóvel luxuoso, mas, infelizmente, no mundo dos Espíritos ela está a pé, dependendo da misericórdia alheia.
Assim acontece com muitos de nós que nos permitimos viver de sonhos que nunca se tornarão realidade.

*  *   *
Agora já temos elementos para responder a pergunta inicial: Você compraria ilusões e fantasias?

*   *   * 
Retiremos a venda dos olhos e despedacemos as lentes escuras que nos impedem fixar as claridades reais da vida, promovendo o nosso programa de ação eficiente onde nos encontramos. Nada de ilusões.

Fontes:
Redação do Momento Espírita com pensamento do verbete
Ilusões, do livro Repositório de sabedoria, v. 2,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 07.12.009. 
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Herói Maior


Ocorreu há algum tempo. Personalidade nacional famosa sofreu um acidente com seu filho de apenas seis anos de idade.
Durante mais de dez horas ficaram aguardando socorro, em um quase pântano.
O pai, bastante ferido, tranquilizou o filho dizendo-lhe que Papai do Céu iria dizer às pessoas onde eles haviam caído. Que ele não ficasse com medo. Logo estariam salvos.
A fome e a sede se instalaram. A noite chegou. O medo do garoto aumentou.
No cair da noite, ele afirmou que estava zangado com Papai do Céu. Afinal, Ele não tinha contado para ninguém onde eles estavam. O socorro não havia chegado.
Finalmente, ambos foram resgatados. O garoto, ileso. Nada além de bastante assustado.
Nas entrevistas que se seguiram, o pai adjetivou o comportamento do menino de seis anos como o de um verdadeiro herói.
Foi ele quem auxiliou o pai a mover o corpo, procurou água em meio à lama e até providenciou um galho para afastar eventuais urubus que viessem atacar seu pai.
É que o sangue que jorrava do corte na sua testa poderia atraí-los.
O menino, passado o perigo, voltou a pular e saltar. Na escola contou sua aventura.
Lamentou não ter nenhum arranhão para referendar que o que estava narrando era verdadeiro.
A nota mais importante, em todo o episódio, no entanto, ficou mesmo por conta do garoto vivo e peralta.
Ao ser indagado, por um jornalista, a respeito de quem era o seu herói, desde que ele mesmo assim era considerado, esperou-se que ele apontasse o pai, por dois motivos.
Pai é sempre herói para o filho. Nesse caso, acresce o fato dele ser famoso internacionalmente.
Entretanto, sem titubear um momento sequer, ele exclamou: Meu herói é Papai do Céu!
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Oxalá pudessem nossos filhos ter este conceito. E nós mesmos. Conceito que é afirmação de fé.
Fé de quem sabe que é Deus que nos governa a vida, sustenta as horas e dispensa bênçãos.
Deus Pai que nos ama e cujo amor se manifesta no hálito à vida.
Vida que permite a uma débil raiz a força para fender a rocha ou extrair do interior da terra o perfume da flor. O sabor do fruto.
Deus Pai que nos criou Espíritos, fadados à perfeição. Que estabeleceu o processo da reencarnação, a fim de que, através de inúmeras etapas, realizemos experiências evolutivas, desdobrando os germes que dormem em nosso íntimo, até se agigantarem na glória do bem.
Em qualquer circunstância, pois, não nos esqueçamos do amor de Deus, que se estende sobre todos nós.
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O amor de Deus é o programador perfeito para a exuberância infinita das galáxias.
É o Seu amor que dá equilíbrio ao Cosmo, com tal precisão, que extasia a mente humana, que apenas começa a compreender as leis de sustentação e de ordem vigentes em toda parte.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, com base em artigo da pág. 128 da
Revista Isto é, nº 1459 e no cap. 25 do livro Filho de Deus, pelo Espírito
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 8.8.2013.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.