Allan Kardec

Allan Kardec

domingo, 5 de abril de 2015

Pais Desorientados


Muitos pais da atualidade buscam, desesperadamente, orientação para educar bem seus filhos.
Seja pela enxurrada de informações desencontradas ou pela culpa que os especialistas jogam sobre seus ombros, muitos pais estão à beira do desespero.
Sentem-se impotentes na condução desses Espíritos que Deus lhes confiou, e acabam perdendo a referência do que é bom e do que é prejudicial aos seus educandos.
Há pais que fazem tudo para agradar os filhos.
Há filhos que são verdadeiros tiranos de seus pais.
O que está acontecendo, afinal?
Importante refletir um pouco sobre esse assunto com lucidez e com disposição de buscar o acerto nessa nobre tarefa.
Há pais que têm medo dos filhos, não têm coragem de lhes perguntar aonde vão, com quem vão e a que horas voltam.
Não tocam no assunto drogas porque se sentem intimidados pelos olhares ameaçadores dos filhos.
Não exigem que os filhos lhes deem satisfação de nada, não lhes mostram o caminho do respeito ao ser humano, nem lhes falam de religiosidade.
Muitos pais invertem seu papel de educadores e passam a obedecer aos filhos e esses se tornam os verdadeiros soberanos da casa.
Se o filho grita porque quer alguma coisa e ganha, estabelece-se o império da tirania. Ele percebe que consegue o que quer com gritos ou com outro tipo de violência e passa a usar esse artifício.
E essa situação se inicia, muitas vezes, na primeira infância, quando os pais não se dão conta de que é preciso corrigir o filho desde cedo.
À medida que a criança vai crescendo, os pais vão lhe dando tudo o que ela pede e até o que ela não pede e nem precisa.
Se a criança pede cinco reais, os pais dão logo dez, porque pode faltar. E o filho se sente o único beneficiário de tudo o que os pais têm e não se interessa em saber se eles têm, ou se estão passando necessidade para atender seus caprichos.
Quando o filho vai para a Universidade, os pais se esforçam para lhe dar o melhor carro. Um carro que talvez nem eles mesmos têm ou tiveram.
Alguns passam a andar a pé, de carona ou de ônibus para emprestar o carro ao filho.
E esses filhos dão cada vez menos importância aos esforços dos seus servidores fiéis e passivos.
É evidente que os pais não fazem isso porque não gostam dos filhos ou porque querem criar tiranos domésticos, não.
Os pais amam seus filhos, mas estão desorientados, equivocados, inseguros.
Têm receio de prejudicar o filho, de fazê-lo se sentir diferente dos outros jovens, que fazem o que bem entendem, a hora que desejam.
Esses pais não se dão conta de que tomar certas posturas diante dos filhos, exigir-lhes que façam o que tem que ser feito, é justamente o de que eles necessitam.
É preciso que os pais tenham segurança e firmeza na educação que estão passando.
É preciso ensinar responsabilidade.
Estabelecer a ponte do diálogo, mas saber ouvir com atenção o que o filho deseja. Incentivar o filho a falar de si mesmo, do que gosta, do que não gosta.
Passar valores sociais, valores morais, valores religiosos, sem pieguice nem afetação.
Ensinar aos filhos o respeito, a fidelidade, a honradez.
Um pai não deve temer o filho, mas amá-lo, a ponto de corrigi-lo com energia quando for necessário.
É isso que Deus faz conosco, é isso que espera que nós façamos com os Espíritos que confia à nossa guarda, na condição de filhos.
*   *   *
A responsabilidade pela orientação dos filhos, é dos pais.
Cabe aos filhos e não aos pais, a obediência.
A inversão desse papel é que tem trazido tantos dissabores aos lares da atualidade.
Por essa razão, é importante que os pais assumam a parte que lhes cabe, com afeto e ternura, mas com firmeza e lucidez.
Pensemos nisso!
Fontes:
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.
Em 26.05.2012.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sábado, 4 de abril de 2015

Lecionando Humildade


        Eram os dias derradeiros Dele, sobre a face da Terra. E Ele o sabia.

        Anunciado Seu nascimento por mensageiros celestes, aguardado pelos séculos afora, Ele afinal chegou.

        Viveu com os homens por pouco mais de três décadas. Iniciou o Seu messianato numa festa de alegrias, em Caná, comemorando as bodas de um parente de Sua mãe.

        E, na noite daquela quinta-feira Ele encerra o Seu messianato, na Terra, comemorando a páscoa judaica, conforme a tradição de Israel.

        Após a ceia, Ele despe a túnica, coloca uma toalha sobre os rins, toma de um jarro com água, uma bacia e inicia a lavar os pés dos apóstolos.

        Surpreendem-se eles. Aquela é uma tarefa exclusiva dos escravos.

        Nenhum patriarca em Israel, nenhum pai de família israelita a realizava.

        Recebia-se o convidado à porta com um beijo de boas-vindas.

        De imediato, um escravo desatava as sandálias do nobre conviva e lhe lavava os pés, diminuindo o desconforto gerado pelo uso das sandálias abertas, naquelas terras poeirentas.

        Pedro procura se esquivar. O Mestre é muito especial para Se humilhar tanto!

        Contudo, como Jesus lhe diz que se ele não se permitir lavar os pés,  não terá parte com Ele, em Seu Reino, Pedro aceita o gesto.

        Concluída a tarefa, o Excelente Professor da Humanidade toma assento novamente entre os que privam da ceia, e aduz:

        Compreendeis o que vos fiz?

        Vós chamai-me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou.

        Se Eu, pois, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, deveis lavar-vos os pés uns aos outros.

        Porque Eu dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também.

        Quanta grandeza no enunciado!

        Primeiro, Ele ensina que nenhum de nós deve se esquivar ao autoconhecimento.

        Autoconhecer-se é imprescindível para se alcançar a felicidade.

        Desta forma, Jesus enfatiza que Ele é Mestre e Senhor. Diz-nos, assim, que cada um de nós deve ter consciência das virtudes adquiridas.

        Cada qual deve saber o que já conquistou, o seu valor.

        Nada de equivocado, portanto, que, numa auto-avaliação, nos qualifiquemos como quem já detém uma ou outra virtude, embora não em sua totalidade.

        Jesus nos exemplifica.

        A segunda lição é a de que, por maiores sejamos, por nossa condição intelecto-moral, por cargos que ocupemos, por responsabilidades que tenhamos, de forma alguma nos devemos aclimatar ao orgulho.

        Afinal, que são alguns anos sobre a Terra face à eternidade que nos aguarda?

        Além do que, de que nos vamos orgulhar? De uma determinada conquista, de um posto hierarquicamente superior, da avantajada intelectualidade?

        Que representa isso, face ao Universo e a eternidade?

        Somos habitantes de um minúsculo planeta em um sistema planetário que tem a sustentá-lo um sol de quinta grandeza!

        Pensemos nisso, recordando o ensino crístico e sejamos mais humildes, aprendendo a servir e servir sempre.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, a partir dos versículos 12 a 15 do cap. XIII do Evangelho de João.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.
Em 19.05.2008.

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Páscoa


Você já deve ter percebido, pelas prateleiras abarrotadas de ovos e coelhos de chocolate, que se aproximam os dias da Páscoa. Os meios de comunicação, em geral, não lhe deixariam esquecer tal data.
Se, no entanto, alguém lhe perguntasse o que é a Páscoa, você saberia responder? Qual a relação com ovos, coelhos e chocolates?
Tem-se notícias de que os israelitas, bem antes de Moisés, celebravam a Páscoa, sempre na primeira lua cheia da primavera, quando ofereciam à Divindade os primogênitos do seu rebanho.
A palavra em aramaico pashã, em hebraico pesah (pessach), significa a passagem. Segundos uns, do sol pela constelação do carneiro ou da lua pelo seu ponto mais alto. Nas línguas saxônicas o nome indica uma associação com o mês de abril, quando se comemorava a morte do inverno e a recuperação da vida, a chegada da primavera.
O sentido de passagem é relacionado no livro bíblico Êxodo. Foi na época da Páscoa que se deu a libertação do povo hebreu.
Cerca de quinze séculos antes de Cristo, depois de ter vivido cerca de quatro séculos no Egito, duramente tratado pelos faraós, conseguiu o povo de Israel abandonar para sempre a terra da escravidão. Naquela noite, os hebreus se serviram da carne assada de um cordeiro, pães ázimos, isto é, sem sal e fermento e alfaces amargas.
Em memória daquela noite, todo ano, pelo catorze de Nisan (o mês de abril), os chefes de família celebravam a Páscoa comemorando agora a libertação do cativeiro egípcio.
Os Evangelhos nos dão notícias da última ceia de Jesus com os Apóstolos justamente à época da Páscoa. A paixão, morte e ressurreição de Jesus coincidiram com essa festa.
Para os cristãos, a data deve lembrar a ressurreição do Cristo. Após a Sua morte na cruz, Ele se mostra vivo para os Apóstolos, discípulos e amigos.
Em corpo espiritual, Ele penetra em recintos fechados, aparece e desaparece, fala em tom breve. Seus discípulos sentem que já não é um homem. É, no entanto, o amigo que retorna para orientar, esclarecer.
Jesus voltou, indicando que a morte não existe, provando todas as Suas palavras, dando testemunho da Imortalidade. Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios, afirmava que se o Cristo não ressuscitara, vã seria nossa fé.
O costume de oferecer ovos como presente, nessa época, remonta aos antigos egípcios. Entre nós, o costume foi trazido por missionários que visitaram a China.
Só que antigamente, eram ovos mesmo, de pata ou de galinha, coloridos e enfeitados, depois transformados em ovos de chocolates.
Para alguns historiadores, o coelho, por ser o animal que mais se reproduz, traduz antigos ritos da fertilidade.
Assim, a Páscoa para o cristão deve lhe trazer à memória o ensino vivo da Imortalidade, atestado pelo próprio Cristo.
Recordar Jesus, pois, Seus ditos e Seus feitos: eis a verdadeira comemoração da Páscoa.
Importante que nos libertemos de ritualismos, de cultos exteriores, que nos retardam o progresso. Só então o Reino de Deus fará morada em todos os corações, realizando-se a reforma íntima de todos os homens.
*   *   *
Os ovos de chocolate foram introduzidos no Brasil entre os anos de 1913 e 1920, por imigrantes alemães.
Foi a partir do século XVIII que se passou a incorporar o ovo de chocolate na comemoração da Páscoa.
Fontes: 
Redação do Momento Espírita.
Em 22.08.2011. Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Da Criança aos Pais


Antes que seja tarde demais...
Não tenham medo de ser firmes comigo. Eu prefiro assim, pois sua firmeza me traz segurança.
Não me tratem com excesso de mimos. Nem tudo que peço e desejo ... me convém.
Não me corrijam na frente de outras pessoas. Prestarei muito mais atenção se vocês falarem comigo baixinho e a sós.
Não permitam que eu forme maus hábitos. Dependo de vocês para descobrir o que é certo, ou errado, na minha idade.
Não façam promessas apressadas. Lembrem-se de que me sinto mal, quando as promessas não são cumpridas.
Não me protejam das consequências dos meus atos. Às vezes, preciso aprender através da dor.
Não sejam falsos ou mentirosos. A falsidade me deixa confusa, desnorteada. E acabo perdendo a confiança em vocês.
Não me incomodem com ninharias. Se assim agirem, terei de proteger-me, aparentando surdez.
Nunca deem a impressão de ser perfeitos ou infalíveis. O choque será grande demais quando eu descobrir que vocês estão longe disso.
Não digam que meus temores são tolices. Eles são terrivelmente reais. Se vocês usarem de compreensão para comigo, ficarei mais serena e tranquila.
Não deixem sem resposta as minhas perguntas. Do contrário deixarei de fazê-las, buscando informações em algum outro lugar.
Não julguem humilhante um pedido de desculpas. Um perdão sincero torna-me surpreendentemente mais calorosa para com vocês.
Não subestimem a minha capacidade de imitação. Eu estarei sempre seguindo os seus passos com a certeza de que me conduzem pelo caminho certo.
Habituem-se a ouvir meus apelos silenciosos. Nem sempre consigo expressar meus sentimentos com palavras.
Respeitem as minhas limitações e fragilidades. Nem sempre consigo fazer tudo o que os deixa orgulhosos.
Ensinem-me a amar a Deus, pois não quero ser um adulto sem fé nem esperança.
E não se esqueçam jamais que, para desabrochar e florescer, preciso de muita compreensão e carinho e, acima de tudo, de muito amor...
*   *   *
Nosso filho é o discípulo amado que Deus pôs ao alcance do nosso coração enternecido, no entanto, a nossa tarefa não pode ir além daquele amor que o Pai propicia a todos, ensinando, corrigindo e educando através da disciplina para a felicidade.
Mostremos-lhe a vida, mas deixemo-lo viver.
Falemos-lhe das trevas, mas demos-lhe a luz do conhecimento.
Mandemo-lo à escola, mas façamo-nos mestres dele no lar.
Apresentemos-lhe o mundo, mas deixemo-lo construir o próprio mundo.
Tomemos-lhe as mãos e as coloquemos no trabalho, ensinando com o nosso exemplo, mas não lhe desenvolvamos a inutilidade, realizando as tarefas que lhe competem.
Cumpramos o nosso dever amando-o, mas exercitemos o nosso amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem para que o possamos bendizer, mais tarde.
Nosso filho é semente divina; não lhe neguemos, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque a semente que não morrer jamais será fonte de vida.
Nosso filho é a esperança do mundo; não o asfixiemos no egoísmo dos nossos anseios, esquecendo-nos de que viemos à Terra sem ele e retornaremos igualmente a sós, entregando-o a Deus conforme as Leis sábias e justas da Criação.
Fontes: 
Redação do Momento Espírita com base no texto A criança, do jornal Perfil policial, de outubro de 1999 e no cap. 37do livro Crestomatia da imortalidade, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 31.01.2011

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Na Construção do Amanhã


        Nos Estados Unidos, o Dia dos Namorados é comemorado a 14 de fevereiro. Nesse dia, as pessoas costumam enviar cartões não somente para os namorados. Também a amigos e pessoas queridas.

        Foi com preocupação que a mãe de um garoto tímido e calado ouviu-o dizer que desejava dar um cartão para cada colega seu.

        Chad era um excluído na classe. A mãe o via, todos os dias, retornando da escola.

        A turma vinha na frente, brincando, conversando. Ele sempre atrás, sozinho.

        Ela ficou angustiada. Mesmo assim, nos dias que se seguiram, ela ajudou o filho a confeccionar os cartões.

        Comprou papel, cola e lápis de cor. E ele trabalhou com afinco.

        Finalmente, no Dia dos Namorados, estavam prontos os trinta e cinco cartões.

        Ele não cabia em si de contentamento.

        A mãe passou o dia preocupada. Tinha certeza que ele voltaria desapontado. Não receberia nenhum cartão.

        Por isso, resolveu fazer alguma coisa para amenizar a situação. Assou biscoitos especiais que ele gostava.

        Depois, ficou esperando.

        Olhou pela janela e viu os garotos. Como sempre, eles vinham rindo e se divertindo.

        Como sempre, Chad vinha atrás do grupo. Caminhava, no entanto, um pouco mais rápido do que o normal.

        Quando entrou em casa, ela esperou que ele se desmanchasse em lágrimas.

        Chegou de mãos vazias, como ela pensara. Segurando o pranto, a mãe lhe disse: 

        “Filho, preparei um lanchinho para você.”

        Mas Chad não prestou atenção ao que ela disse. Com passos firmes, se encaminhou para a cozinha, repetindo: 

        “Nenhum...nenhum...”

        Nesse momento, a mãe observou que o rosto do filho brilhava de alegria. E o ouviu completar a frase: 

        “Não esqueci nenhum, nenhum deles!”

        A atitude do garoto é altruísta e denota uma alma que muito mais se preocupa em ofertar amor, do que buscar ser amado.

        Poucas criaturas podem superar, contudo, situações semelhantes.

        O bulling, essa prática de agressividade repetida, muito comum entre crianças e adolescentes, tem dado causa a alguns desastres.

        O fenômeno é mundial. Crianças e adolescentes são excluídos pelos colegas, perseguidos e humilhados.

        Muitos abandonam a escola, sem condições de prosseguirem enfrentando humilhações e trotes.

        As estatísticas apontam, ainda, crescente número de suicídios na faixa etária da infância/adolescência, como efeito do bulling.

        Qual será o motivo de tamanha crueldade?

        Educadores e pais, estejamos atentos. Observemos o comportamento dos nossos filhos.

        Serão eles os promotores do bulling ou suas vítimas?

        É tempo de ensinar a amar em nosso lar. A respeitar os diferentes. A imitar os melhores, não tentar destruí-los.

        Pensemos: quais são os comentários que nossos filhos mais ouvem, com respeito aos outros seres, em nosso lar?

        Que falamos a respeito dos colegas de trabalho, dos vizinhos, dos filhos dos outros?

        É possível que descubramos que essa manifestação doentia, o bulling, seja a resultante da indiferença e do desamor que ensinamos a eles, todos os dias.

* * *
        O mundo melhor do amanhã está em nossas mãos.

        Depende de nós a geração que se estrutura hoje para atuar no mundo logo mais, como cidadãos do mundo, herdeiros das nossas riquezas morais.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Dia dos namorados, de Dale Galloway, do livro Histórias para o coração, v. 1, de Alice Gray, ed. United Press.
Em 02.01.2008.

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

terça-feira, 31 de março de 2015

É Deus...


Conta-se que um louco chegou à praça e gritou: Deus morreu. Agora, as catedrais serão os seus mausoléus.
Alguns se admiraram do que ele dizia. Era mesmo um louco. Outros, de imediato, concordaram, acenando afirmativamente com a cabeça. Outros, ainda, ousaram se manifestar: E onde está a novidade?
Uma criança, que passava pela praça, no entanto, se mostrou extremamente preocupada.
Deus morreu? E agora, quem vai alimentar os peixes e os pássaros? Quem vai acender as estrelas?
*   *   *
Um estudo realizado em 2013 indicou que muitos cientistas acreditavam em Deus, conforme o conceito mais comum e usual.
Repetindo, com exatidão, uma famosa pesquisa realizada em 1914, Edward Larson, da Universidade da Geórgia, constatou que a profundidade da fé religiosa entre os cientistas não diminuiu, apesar dos avanços científicos e tecnológicos.
Tanto no século XX quanto no XXI, em torno de quarenta por cento dos biólogos, físicos e matemáticos, que participaram da pesquisa, disseram que acreditavam em um Deus que, segundo a estrita definição do questionário, se comunica com a Humanidade e a quem se pode orar na expectativa de receber uma resposta.
Albert Einstein dizia que sem Deus, o Universo não é explicável satisfatoriamente.
Para ele, Deus era a Lei e o Legislador do Universo. E afirmou: Quando abro a porta de uma nova descoberta encontro Deus lá dentro.
O cientista francês André-Marie Ampère, fundador da eletrodinâmica, escreveu uma obra intitulada Provas históricas da Divindade do cristianismo.
O inglês Isaac Newton, mais reconhecido como físico e matemático, e que também foi astrônomo,  alquimista, filósofo natural e teólogo, foi considerado o cientista que maior impacto causou na História da ciência.
Para ele, a função da ciência era descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.
Essa sumidade científica acreditava que a maravilhosa disposição e harmonia do Universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode.
E afirmava: Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta.
Posso pegar meu telescópio e ver milhões de quilômetros de distância no espaço. Mas, também posso pôr meu telescópio de lado, ir para o meu quarto, fechar a porta e, em oração fervorosa, ver mais do céu e me aproximar mais de Deus do que quando estou equipado com todos os telescópios e instrumentos do mundo.
Para as grandes inteligências, a existência de Deus é palpável. Atestada pelos Seus efeitos, conforme aprendemos: Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
Bem tinha razão a criança em indagar quem tomaria conta dos peixes e dos pássaros se não houvesse Deus.
E diríamos mais: quem comandaria o concerto dos mundos, que viajam pelo espaço infinito, a grande velocidade?
Quem colocaria plumagem nas aves e providenciaria o orvalho das manhãs?
Quem faria brilhar o sol, a lua e as estrelas? Quem estabeleceria a rota precisa dos cometas?
Quem pintaria o arco-íris e colocaria veludo nas pétalas das flores?
E a toda questão, poderíamos ouvir o coro dos ventos e dos ramos dos salgueiros: é Deus... é Deus... é Deus.
Fontes:
Redação do Momento Espírita.
Em 30.3.2015.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.


segunda-feira, 30 de março de 2015

Batalha pela Vida


Têm crescido, em todos os quadrantes da Terra, os movimentos pela ecologia.
No Brasil, em defesa das tartarugas existe o projeto Tamar. Para a preservação dos animais, o homem se tem esmerado.
Naturalmente por descobrir que, destruindo a vida animal, está decretando problemas graves para sua própria existência sobre a Terra.
O que causa estranheza é que esse mesmo homem decrete a morte do seu semelhante, nas suas nascentes.
Estamos nos referindo aos movimentos pró-aborto, que falam da destruição de vidas humanas, como se não fossem coisa alguma.
São vozes que se unem para exigir a morte dos que, no ventre materno, têm descobertas suas deficiências na área física ou mental.
Esquecem de olhar ao seu redor tais criaturas, pois um dos cérebros mais privilegiados da atualidade é um deficiente físico que nada mais move senão a cabeça. Referimo-nos a Stephen Hawking.
Outros falam, no entanto, do abortamento dito sentimental. É quando a mãe é vítima de violência e engravida.
Fala-se em como ela poderá vir a amar o fruto daquele ato tão terrível. Diz-se que a visão do rebento sempre haverá de trazer à lembrança o ato agressivo por que ela passou.
Contou-nos um amigo da área médica que foi procurado por uma jovem que passou por essa experiência traumática. Descobrira-se grávida e desejava o abortamento.
Quis a Divindade que ela fosse ao consultório de um médico cristão, que lhe falou da bênção da vida, da sublimidade da maternidade.
Após algumas horas de uma boa conversa, ela se foi. Meses depois, ele recebeu uma correspondência. Abrindo o envelope, encontrou uma foto de um bebê lindo, saudável.
Atrás, em letra uniforme, bem desenhada, uma frase curta, mas extremamente significativa:Obrigada por você ter contribuído para que esta foto pudesse existir.
Quatro anos depois, o médico recebeu em seu consultório a mãe e a criança. Porque a foto do bebê estivesse sobre a sua mesa, em um belo porta-retratos, a mãe disse ao filho que era ele, quando bebê.
O menino pegou a foto e olhou com atenção. Depois, se aproximou do médico e perguntou: Tio, me diga onde eu estou mais bonito? Ali, naquela foto ou aqui, ao vivo?
*   *   *
Em torno do aborto existe uma verdadeira indústria. Atualmente ela se encontra entre as maiores indústrias do mundo.
A jornada de nove meses realizada pelo bebê no útero materno é uma experiência psicoterapêutica para o Espírito que deseja renascer.
Por isso mesmo, a não ser nos casos em que a mãe corra risco de morte, a opção deve ser sempre pela vida.
Proclamemos a vida. Lutemos pela vida.
Fontes
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado pelo Dr. Alberto Almeida, na Conferência Brasil-Portugal, em 19 de março de 2000, em Salvador, BA. Em 23.01.2012.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.


domingo, 29 de março de 2015

Sabedoria Sem Diplomas


No mercado competitivo de hoje, em que os comerciantes desejam obter lucros a qualquer preço, existem empresários que realmente se importam com seus funcionários e com a boa harmonia no ambiente de trabalho.
É o caso de um lojista especial, que não se altera diante das costumeiras oscilações do mercado, mas sofre quando um de seus empregados tem um problema qualquer.
A maneira calma de falar, o respeito pela opinião dos outros, e a ponte do diálogo sempre estendida, é sua prática administrativa.
Ele nunca fez um curso de administração, não entende de contabilidade nem de economia, mas sabe como se consegue estimular uma equipe para atingir os objetivos.
Um homem simples, sem diplomas, mas com grande sabedoria.
Faz reuniões constantes e ouve o que os funcionários têm a dizer. Não faz terrorismo com os vendedores, apenas esclarece que a estabilidade da loja depende do esforço de cada um.
Os funcionários chegam sempre visivelmente alegres pela manhã, e terminam o dia com a mesma disposição de ânimo, até mesmo nos dias em que não entra um único cliente na loja.
Isso porque não existe aquela pressão para que se venda, venda e venda...
É claro que são estabelecidas metas, mas ninguém se desespera quando não consegue atingi-las, uma vez ou outra.
Esse empresário é um exemplo de como as coisas podem ser diferentes, mesmo num mercado competitivo e ávido por lucros.
Essa prática traz benefícios tanto para o patrão como para funcionários e clientes.
E sabe por quê?
Porque sua preocupação é com o bem-estar, acima do lucro. E isso faz com que não precise se desgastar com funcionários insatisfeitos, rebeldes, infelizes.
Por outro lado, as vendas e o lucro acabam sendo uma consequência natural dessa prática administrativa, pois o cliente que chega se sente acolhido e respeitado.
E os funcionários se sentem seguros, já que a maioria está na loja há vários anos, e nenhum deles pretende sair.
É claro. Quem não gostaria de trabalhar num lugar assim?
Talvez alguns administradores não concordem com essa prática, mas a verdade é que ela funciona.
E funciona porque existe respeito, sinceridade, comprometimento, confiança e lealdade de ambas as partes...
Na verdade, segundo alguns especialistas, essa é a verdadeira liderança. A liderança compartilhada, a autoridade real, contrária ao despotismo e à tirania, que oprimem e infelicitam.
Se todos os administradores tivessem essa consciência e agissem com seus subordinados conforme gostariam que com eles agissem, a sociedade seria mais feliz.
E todos se levantariam, a cada manhã, com bom ânimo para ir trabalhar, mesmo nos dias frios e chuvosos, porque estariam indo para um lugar onde se sentem bem e são respeitados.
Quem não gosta de ser valorizado, ouvido e bem quisto?
Você, que é administrador, pense nisso, e considere que o comprometimento da sua equipe não se dará por decreto.
Ou você conquista seus pares, ou passará boa parte do seu dia se desgastando com fofocas, intrigas, ciúmes, motins e sabotagens.
Muitas vezes os ambientes de trabalho se tornam verdadeiros infernos para patrões e empregados, que não cumprem com seus deveres básicos, como o do respeito mútuo, que deveria reger as relações.
Patrões e empregados por vezes se esquecem de que são, antes de tudo, seres humanos, que têm sentimentos, sofrem, choram, têm problemas, amam e desejam ser felizes.
Portanto, você, que é funcionário, pense nisso, e busque agir com aqueles que dividem o ambiente de trabalho com você, como gostaria de ser tratado.
E você, que é líder da equipe, considere que, em vez de mandar e ser obedecido, mas também odiado, seria mais producente praticar a liderança com humanidade e conquistar uma equipe comprometida, eficaz e invencível.
Pense nisso, você é capaz. Basta querer.


Fontes:

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sábado, 28 de março de 2015

Nossa Cultura


Atravessamos na Terra, fase de dificuldades sem conta, nas áreas de cultura geral.
Desconhece-se a estrutura da própria linguagem que se fala. Usam-se gírias ou expressões chulas que denunciam a pobreza dos falantes relativamente à formação cultural.
Ignoram-se os fatos históricos que envolvem a sociedade em que se vive.
Espalham-se infames zombarias, inventam-se lendas sem beleza e sem sentido, refletindo a pouca madureza social.
Não se cogita de penetrar as razões desse ou daquele monumento, sentindo-se, tantos, impulsionados pelo instinto destruidor e vândalo, que, incapazes de compreender, por descaso, preferem pichar, destroçar ou poluir de modo drástico, o que encontram pela frente.
O gosto pelas Bibliotecas, pelas salas de arte, por Museus, por Teatros e pela literatura excelente de todos os tempos, tudo tem ficado na retaguarda das preferências.
Os desportos nobres e educativos ainda contam com poucos adeptos.
Temos, ao revés, um quadro enorme dos que procuram os exercícios desportivos excitantes e violentos, que pouco ou nada acrescentam no âmbito das conquistas do Espírito.
Encontram-se, com maior frequência, muitos que se ajustam a espetáculos pornográficos, do palco ou da tela, em franco deboche à sensibilizante arte.
*   *   *
Diante de tudo isso, precisamos com urgência de educação e de boas referências.
O bom gosto se forma pela contemplação do excelente e não do sofrível, dizia Goethe, compreendendo com perfeição a construção do aprendizado na alma humana.
Cabe aos pais e aos educadores mostrarem o excelente, preencher os educandos de boas referências desde cedo, se desejarem desenvolver neles uma cultura rica e útil.
As crianças, os jovens, precisam estar mergulhados num caldo cultural que favoreça o desenvolvimento de uma massa crítica, que proporcione a contemplação do belo, que os ensine a pensar e a sentir.
As grandes mídias estão repletas de um verdadeiro lixo cultural, se podemos chamar assim, porque nós, a grande maioria, consumimos isso.
Aliás, a palavra consumo é uma das preferidas nos tempos atuais, inclusive invadindo áreas em que não há como se conjugar o verbo consumir, na essência, pois o que não é material, o que não é tangível, não se consome.
Na verdadeira arte nada se consome. A arte se contempla, se admira. Ela alimenta a todos quando é instrumento do belo e do bem e nunca se acaba, pois o que se consome, se finda.
Podemos consumir um CD, um arquivo de MP3, mas nunca uma bela música.
É tempo de retirar as cascas e máscaras que criamos através de nossos vícios morais, e nos permitir enxergar tudo como realmente é.
O que verdadeiramente importa para mimEspírito? Não sou um consumidor, sou um Espírito imortal, que voltei à Terra para crescer moral e intelectualmente.
Voltei para aprender com quem já esteve aqui, com a História do meu povo, com os grandes, com os missionários, com aqueles que deram a vida para que hoje tivesse o conforto de que desfruto.
Voltei para me tornar mais sábio, não o sábio de Biblioteca apenas, mas o que tem condições de aplicar em sua vida tudo aquilo que aprende, que faz de seu conhecimento uma mola propulsora para que possa amar mais e melhor.
Cultura e amor. Eis o que precisamos com urgência.
Fontes:
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Juventude e cultura, 
do livro Cântico da juventude, pelo Espírito Ivan de Albuquerque, 
psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 20.3.2015.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.


quinta-feira, 26 de março de 2015

A Voz e o Silêncio




Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.
Não há respeito pelo silêncio.
As pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.
Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.
As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores.
Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.
Há um predomínio da violência em tudo, nos sentimentos, nas conversações, nas atividades do dia a dia.
Há demasiado ruído no mundo, atormentando as criaturas.
*   *   *
A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana.
Sendo o único animal que consegue articular palavras, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso, e de cujo uso dará contas à consciência cósmica que lhe concedeu admirável tesouro.
Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas.
Sofreu-as, compadeceu-se delas, mas não se deixou aturdir pela sua insânia e necessidade.
Logo depois de as atender, recolhia-se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão.
Procedia dessa forma, a fim de que o cansaço, que surge na balbúrdia, não lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.
*   *   *
Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento em que te encontres.
Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a seriedade na multidão desarvorada e falante.
Os grandes sábios do cosmo sempre souberam silenciar.
Silenciar em oração perante as necessidades do outro. Silenciar em respeito ao sofrimento alheio.
Silenciar em consideração às ideias divergentes. Silenciar a vingança diante dos males recebidos.
É no mundo do silêncio que construímos as palavras edificantes que sairão de nossa boca.
É no mundo sem voz que elaboramos o canto que logo mais irá encantar ouvintes numa sala de concertos.
É no mundo do silêncio que embalamos nossos amores, que pensamos em melhorar, reformar e transformar.
Assim, saibamos dosar o silêncio em nossas vidas, evitando que a balbúrdia e a loucura se instalem.
Saibamos usar a voz com cuidado, a cada pronunciar de palavra, assim como o concertista o faz na interpretação de uma ópera.
A música elevada, assim como a vida, é feita de som, mas também de silêncio.
Fontes:
Redação do Momento Espírita com base no cap.

Silêncio, do livro Jesus e vida, pelo Espírito 
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo 
Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 26.3.2015.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará..